por Dário de Araújo Cardoso*
[ Parte 1 ] [ Parte 2 ] [ Parte 3 ] [ Parte 4 ] [ Parte 5 ] [ Parte 6 ] [Parte 7 ] [ Parte 8 ] [Parte 9 ] [ Parte 10 ]“Todo sermão realmente bíblico se desenvolverá de forma a apresentar Jesus Cristo aos ouvintes.”
(Dario de Araújo Cardoso)
Na primeira postagem
apresentamos uma introdução, falando sobre sermões moralistas e uma
breve introdução de como pregar de forma cristocêntrica no Velho
Testamento. Apresentamos agora, em vários segmentos, um excelente artigo de Dario de Araújo Cardoso sobre isso.
INTRODUÇÃO
O lançamento, em 2006, de dois livros do professor Sidney Greidanus pela
Editora Cultura Cristã deu importante contribuição para a discussão
sobre a pregação evangélica em nosso país. São eles: Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo e Pregando Cristo a partir do Antigo Testamento. Eles complementam e aprofundam o trabalho de Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica,
também publicado pela Editora Cultura Cristã, em 2002. Todos eles, em
especial o segundo, têm como ponto chave a proposta de que Cristo não é
apenas o tema central e principal das Escrituras, mas é, sobretudo, o
tema de toda a Escritura. Assim, segundo esses dois autores, todo sermão
realmente bíblico se desenvolverá de forma a apresentar Jesus Cristo
aos ouvintes. Ainda que tal proposição pareça superdimensionada aos
ouvidos contemporâneos, esses autores não se encontram isolados na
história da pregação cristã. Pelo contrário, eles ecoam aquilo que
disseram luminares da história da igreja, incluindo Calvino, Lutero e
até mesmo os apóstolos. Greidanus os cita fartamente.
Diante dessa proposta, o sermão biográfico no Antigo Testamento parece
ser um respeitável desafio prático e será o foco do presente artigo.
Primeiramente ver-se-á, a partir de um resumo dos argumentos de
Greidanus, qual é a proposta hermenêutica e homilética da pregação
cristocêntrica, bem como as razões históricas e teológicas em sua
defesa. Em seguida, discutir-se-á a forma de pregação biográfica mais
comumente usada, chamada exemplarista, e os problemas hermenêuticos
presentes nesse tipo de pregação. Por fim, apresentar-se-á o modelo
cristocêntrico proposto por Greidanus, ilustrando sua aplicação nos
textos biográficos.
- A Proposta e as Razões da Pregação Cristocêntrica
[iremos dividir essa seção em duas
partes. Nesta primeira, você verá o testemunho das Escrituras e na segunda testemunho histórico]
Argumentando sobre a razão pela qual os pregadores modernos deveriam
pregar a Cristo, Greidanus escreve que foi essa a ordem que os
discípulos receberam do próprio Jesus em sua despedida (Mt 28.19,20), o
que mais tarde foi recordado por Pedro: “E nos mandou pregar ao povo e
testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de
mortos” (At 10.42). Vê-se o modo como Pedro realizou esse mandato em sua
contundente afirmação no sermão à porta do templo: “Deus, assim,
cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer … Disse, na verdade Moisés … E todos os profetas, a começar com Samuel, assim como todos quantos depois falaram,
também anunciaram esse dias” (At 3.18,22,24 – grifos meus). Paulo foi
comissionado igualmente segundo as palavras do Senhor a Ananias: “este é
para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os
gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At 9.15). Diante
do rei Agripa, Paulo descreve o modo como a tinha cumprido: “Mas,
alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando
testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer,
isto é, que o Cristo devia padecer e, sendo o primeiro da ressurreição
dos mortos, anunciaria a luz ao povo e aos gentios” (At 26.22-23 –
grifos meus).
Tanto no discurso de Pedro como no de Paulo, deve-se notar a ênfase de
que todo o Antigo Testamento anuncia a Jesus e a salvação. Tal atitude
não deveria surpreender, uma vez que foi isso mesmo o que os discípulos
viram Jesus fazer. Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu Isaías 61.1-2, uma
referência ao Ano do Jubileu (Lv 25.8-55), e declarou: “Hoje se cumpriu a
Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.18-21). E quando caminhava com os
discípulos que iam a Emaús firmou: “Ó néscios e tardos de coração para
crer tudo o que os profetas disseram!… E, começando por Moisés,
discorrendo por todos os profetas, expunha o que a seu respeito constava em todas as Escrituras”
(Lc 24.25,27 – grifos meus). Fica claro que os apóstolos aprenderam com
Jesus que não apenas certas passagens do Antigo Testamento
testemunhavam acerca dele, mas que todo o Antigo Testamento o fazia.
Greidanus conclui:
Por esse breve resumo do Novo Testamento, fica claro que os apóstolos e
evangelistas pregavam Cristo a partir do Antigo Testamento. Fica também
claro que eles o faziam com integridade, porque criam que o Antigo
Testamento se referia a Cristo. Finalmente, é evidente que eles
aprenderam esse entendimento cristológico do Antigo Testamento do
próprio Jesus, pois Jesus não só modelou em sua vida o cumprimento do
Antigo Testamento, como também ensinou “as coisas que a seu respeito
constavam em todas as Escrituras” (Lc 24.27).
Fonte: Voltemos ao Evangelho Divulgação: Massoreticos
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