Grande mídia ataca PL 478, projeto de lei contrário ao aborto
O Estatuto do Nascituro — pejorativa e
ignorantemente chamado por boa parte da grande mídia de bolsa estupro —
está relacionado com ao projeto de lei número 478/2007, que tem como
objetivo garantir a proteção do nascituro, isto é, o ser humano já
concebido, mas que ainda não nasceu. Muitos ativistas pró-aborto,
partindo do pressuposto de que o embrião não deve ter status de pessoa,
opõem-se ferrenhamente a esse projeto, haja vista considerarem que ele,
caso aprovado, inviabilizaria a pesquisa com células-tronco embrionárias
e resultaria na proibição do aborto.
Segundo a biologia, as células, de maneira geral,
são as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos. Uma
célula representa a menor porção de matéria viva dotada da capacidade de
autoduplicação independente. Depois da fecundação, o "ovo" se divide em
duas partes, de duas em quatro, de quatro em oito e assim
sucessivamente até atingir a fase de algumas centenas de células com o
poder de se diferenciarem em qualquer tecido. Depois disso, elas
"recebem uma ordem" e passam a se diferenciar em fígado, outras, em
ossos, sangue ou músculo, etc. Daí em diante, todas as suas
descendentes, de acordo com essa mesma ordem, continuarão diferenciadas:
a célula do fígado só vai dar origem a células do fígado; a do sangue,
só a células do sangue. E assim por diante.
O que são células-tronco? São as células mestras,
capazes de se multiplicarem e se diferenciarem nos mais variados tecidos
do corpo humano: sangue, ossos, nervos, músculos, etc. Elas são
chamadas de células-tronco. No momento da fecundação, como já afirmei,
começam as primeiras divisões celulares e surgem as células-tronco, que
dão origem a todos os tecidos do corpo. Estas células existem até quando
o embrião abarca 32 a 64 células. Células-tronco adultas são
encontradas em vários tecidos humanos, em pequenas quantidades, no
cordão umbilical, na placenta e na medula óssea. As células-tronco
embrionárias — cobiçadas por terem múltipla capacidade de diferenciação —
são obtidas a partir de um óvulo fecundado — geralmente, descartado em
uma clínica de fertilidade —, e precisam ser colhidas até a divisão em
64 células, o que leva no máximo cinco dias.
Para a medicina, na prática, uma pessoa deixa de
ser pessoa, por assim dizer, quando se constata a sua morte cerebral. A
partir daí, se a família estiver de acordo, pode-se retirar do "morto" o
seu coração e outros órgãos a fim de transplantá-los. A sociedade não
só aceita esse ato da medicina como o considera louvável. Mas, deveria
esse princípio, baseado na ausência de funcionamento do sistema nervoso,
se aplicar à manipulação de embriões?
Como bom "fundamentalista religioso" — é assim que
a grande mídia chama as pessoas que consideram as Escrituras a sua
fonte primária de autoridade —, evoco o que a Bíblia diz a respeito da
vida humana embrionária. Em Jeremias 1.5 está escrito: "Antes que eu te
formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te
santifiquei e às nações te dei por profeta". À luz das Escrituras, o ser
humano é criado, formado e feito por Deus, nessa ordem; ou seja, antes
de ser inteiramente formada fisiologicamente, a pessoa humana já é
conhecida pelo Criador (cf. Is 43.7; Gn 1.27; 2.7,22). Em outras
palavras, o corpo humano informe, mesmo sem o funcionamento do sistema
nervoso, já é considerado uma pessoa, e não apenas "um amontoado de
células", como dizem alguns "entendidos", em tom zombeteiro.
Ativistas pró-aborto e defensores do argumento de
que o Estatuto do Nascituro representaria um atraso, um retrocesso, no
combate ao câncer e outras doenças que dependem do avanço das pesquisas
com células-tronco afirmam que os embriões, nos primeiros dias, não
devem ter status de pessoa. Ao defender isso, entretanto, ignoram duas
verdades incontestáveis da biologia: a de que vida humana é processo
contínuo que começa com a concepção e termina com a morte; e a de que o
embrião não é uma extensão do corpo da mulher.
Voltando às Escrituras, leiamos a descrição da
vida humana embrionária contida em Salmos 139.14-17: "Eu te louvarei,
porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas
são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te
foram encobertos, quando, no oculto, fui formado e entretecido, como
nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe,
e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais iam sendo,
dia a dia, formadas, quando nem ainda uma delas havia. E quão preciosos
me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles!"
Chamem-me, pois, de fundamentalista religioso ou
fanático. Mas tenho respaldo das Escrituras — que considero a fonte
primacial de autoridade — e também da biologia para afirmar que a vida
da pessoa humana começa na concepção, e não no momento em que o sistema
nervoso começa a funcionar. E, nesse caso, defender o nascituro também é
defender direitos humanos.
Se o processo da vida humana não for interrompido
na fase embrionária, teremos uma pessoa que deixou o ventre materno, mas
— assim como antes — continua em processo de formação. Pensemos: se
assassiná-la, depois de seu nascimento, significa interromper de maneira
cruel e covarde tal processo, por que o ato de matar a mesma pessoa em
formação, na fase embrionária, deve ser suavizado, relativizado ou
receber outra definição? Afinal, segundo a biologia, a vida humana é um
processo contínuo desde a concepção até a morte.
por Ciro Sanches Zibordi
Nenhum comentário:
Postar um comentário