Juliano Heyse
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É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de
uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para
ensinar; não dado ao vinho 1 Tm 3:2-3
Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho Tt 1:7
Introdução
Esta qualificação aparece nas duas listas. O termo grego é um só e
identifica uma pessoa que tem uma relação especial, idolátrica e de
dependência com o vinho. Vejamos os comentaristas.
Grego
- Em 1 Timóteo e Tito παροινοζ - paroinos
Strongs - dado ao vinho, bêbado
Rienecker e Rogers - alguém que senta-se por muito tempo com o seu vinho, escravo da bebida, dado ao vinho
Outras Versões
Outras traduções do mesmo termo em português:
(ARA) | não dado ao vinho / não dado ao vinho |
(NVI) | não deve ser apegado ao vinho / não apegado ao vinho |
(ARC) | não dado ao vinho / não dado ao vinho |
(NTLH) | não pode ser chegado ao vinho / não deve ser chegado ao vinho |
(TB) | não dado ao vinho / não dado ao vinho |
Comentários
Broadman - (-)
D. A. Carson - Então, versículo três, "não dado a
muito vinho". Isso não significa só estar livre de embriaguez mas
também livre da dependência. O servo de Jesus Cristo não deve ser
escravo de qualquer outra coisa.
Jamieson, Fausset e Brown - (Tm) O grego inclui além disso, "não dado à violência", conduta violenta em relação a outros, que provém de ser dado ao vinho.
João Calvino - Pela palavra παροινοζ que é
usada aqui, os gregos denotam não somente a embriaguez, mas qualquer
intemperança em beber vinho avidamente. E, realmente, beber vinho
excessivamente não só é muito impróprio em um pastor, mas geralmente
traz consigo muitas coisas ainda piores; como brigas, atitudes tolas,
conduta imoral e outras coisas que não é necessário descrever. (...) A
interpretação correta é a de Crisóstomo de que homens com uma disposição
de bebedice e ferocida deveria ser excluídos do ofício de bispo.
John Gill - Alguém que não senta para beber, ou
que está continuamente bebendo e é imoderado no uso da bebida; caso
contrário é permitido que pessoas em tal ofício bebam vinho, e às vezes
absolutamente necessário; veja 1 Tm 5:23. Significa alguém que não é
dado a muito vinho, como em 1 Tm 3:8; não é viciado ou um seguidor do
vinho; a versão siríaca diz: "que não transgride em função do vinho", ou
vai além dos limites devidos no seu uso, que não é imoderado nisso; a
versão arábica diz: "não insolente por causa do vinho", já que alguém
que está aquecido com ele é feroz e furioso e encrenqueiro e briguento, e frequentemente muito perverso e ofensivo; e este sentido é seguido por
alguns.
John MacArthur - (Tm) É mais do que uma mera
proibição contra a bebedice. Um presbítero não pode ter uma reputação
como um bebedor; seu julgamento nunca pode ser enevoado pelo álcool (cf.
Pv 31:4,5; 1 Co 6:12), seu estilo de vida deve ser radicalmente
diferente do mundo e levar outros à santidade, não ao pecado (Rm 14:21).
(Tt) Aplica-se a beber qualquer bebida alcoólica em qualquer forma que
embote a mente ou subjugue inibições (cf. Pv 23:29-35; 31:4-7). Por
aplicação, também indicia qualquer outra substância (por ex., drogas)
que obscureça a mente.
Matthew Henry - (Tm) Os sacerdotes não deveriam
beber vinho quando iam ministrar (Lv 10:8-9), a fim de que não
pervertessem a lei. (Tt) não há maior reprovação a um ministro do que
ser um bebedor de vinho, alguém que ama isso e se concede, desta forma,
liberdade imprópria que continua com o vinho ou a bebida forte até que o
inflame. O uso apropriado e moderado, como em outras boas criaturas de
Deus, não é irregular. Usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e
das tuas frequentes enfermidades, disse Paulo a Timóteo, 1 Tm 5:23.
Mas o excesso nisso é vergonhoso em todos, especialmente em um ministro.
O vinho arrebata o coração, transforma o homem em um selvagem. Aqui o
mais apropriado é aquela exortação do apóstolo (Ef 5:18), E não vos
embriagueis com vinho, no qual há dissolução; mas enchei-vos do
Espírito. Aqui não há excesso, mas no com o anterior muito facilmente
pode haver. Tome cuidado, portanto,para não ir muito perto da borda.
New American Commentary - (Tm) A primeira
qualificação negativa exige do líder eclesiástico controle sobre sua
sede dele por álcool. A palavra descreve alguém que é viciado em vinho.
Não proíbe uso medicinal de álcool (1 Tim 5:23). Em nossa sociedade
americana saciada da sede por álcool, a prática de abstinência total
pelos cristãos poderia restringir os efeitos destrutivos que o
alcoolismo trouxe a nós. (Tt) Paulo desqualifica um bêbado de servir
como um presbítero. O presbítero "não deve ser dado a muito vinho"
(tradução do autor). Até mesmo levando em conta outros comentários de
Paulo relativos ao abuso de vinho, a pessoa não pode ser dogmática de
que ele requer abstinência total no presbítero. Porém, considerando as
qualidades viciadoras do álcool, qualquer cristão (presbítero ou não)
deveria considerar seriamente as declarações de Paulo relativas às
responsabilidades do "forte" em relação ao "fraco". Permanecer inocente
em qualquer situação que gera ofensa deveria ser a regra dominante com
respeito a qualquer prática questionável permitida contudo não
encorajada pela Bíblia.
William MacDonald - (Tm) A expressão "dado ao
vinho" significa viciado em bebidas alcoólicas. O bispo não deve ser um
homem que se entrega ao vinho e provoca brigas e escândalos. (Tt) Em
nossa cultura, isso parece tão elementar que dificilmente precisaria de
menção. Mas devemos lembrar que a Bíblia foi escrita para todas as
culturas. Em países nos quais o vinho é usado pelos cristãos como bebida
comum, há o risco de abuso e de conduta desordeira. Destaca-se aqui a
falta de autocontrole.
A Bíblia distingue entre o uso do vinho e o abuso dele. O uso com
moderação como bebida era permitido quando Jesus transformou água em
vinho nas bodas de Caná (Jo 2:1-11). O uso para propósitos medicinais é
receitado por Paulo a Timóteo (1`Tm 5:23; cf. tb. Pv 31:6). O abuso do
vinho e da bebida forte é condenado em Provérbios 20:1; 23:29-35. Embora
a total abstinência não seja exigida literalmente, há uma situação na
qual se requer moderação; por exemplo, quando a ingestão de vinho
ofenderia um irmão mais fraco ou levaria a tropeço (Rm 14:21). Essa é a
principal consideração que leva muitos cristãos nos Estados Unidos a se
absterem completamente do álcool.
Com relação ao presbítero, a questão não é a total proibição do vinho, mas seu uso excessivo, que conduz a brigas.
Conclusão
O perigo do vinho e da bebida alcoólica em geral está sempre presente. O
seu uso não é condenado pela Bíblia, mas ele tem potencial para
tornar-se facilmente um ídolo. Em nossa sociedade altamente química, em
que o uso de drogas é corriqueiro, o uso da bebida alcoólica é
generalizado e extremamente facilitado. Os comentaristas mais antigos,
como Calvino, Gill e Henry não são tão contundentes, mas o New American
Commentary, MacArthur e MacDonald são mais exigentes e chegam a insinuar
a importância da abstinência. Nenhum deles ousa dizer que a abstinência
é exigida, mas usam diversos argumentos que conduzem a ela.
O que podemos concluir é que qualquer homem que tem problemas com
bebida, ou qualquer outro tipo de substância viciadora e/ou entorpecente
(como aponta MacArthur) seja por dificuldade de se controlar ou por
dependência, não é adequado para o ofício de presbítero.
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Fonte: Bom Caminho Divulgação: Massoreticos
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