Juliano Heyse
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É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar 1 Tm 3:2
Introdução
Este atributo só aparece, nesta forma, em 1 Timóteo. Em Tito a ênfase é
mais expressamente doutrinária, como Calvino nos lembra abaixo. Aqui
ocorre uma ênfase maior na capacidade de transmitir a verdade a outros,
conforme os comentaristas apontam.
Grego
- Em 1 Timóteo διδακτικοζ - didaktikos
Strongs - apto e hábil no ensino
Rienecker e Rogers - capaz de ensinar, hábil para ensinar.
Outras Versões
Outras traduções do mesmo termo em português:
(ARA) | apto para ensinar |
(NVI) | apto para ensinar |
(ARC) | apto para ensinar |
(NTLH) | ter capacidade para ensinar |
(TB) | capaz de ensinar |
Comentários
Broadman - (-)
D. A. Carson - O item "capaz de ensinar" nós
voltaremos a considerar mais à frente, mas por enquanto nós podemos
dizer que, pelo menos, o critério pressupõe conhecimento da verdade e de
Deus, e a habilidade para comunicar tal verdade. Ocasionalmente você
encontrará pessoas que são comunicadores maravilhosos, mas que não têm
muito para dizer. Por outro lado, você encontra algumas pessoas que têm
sólido conhecimento, mas não conseguem transmiti-lo a ninguém. Em ambos
os casos, eles estão desqualificados para esse ofício. Habilidade para
ensinar pressupõe conhecimento da Bíblia e do Deus da Bíblia, e a
habilidade para comunicar tal conhecimento. (...)
Passo agora a uma característica excepcional: "capaz de ensinar". É
excepcional dentro da lista porque não pode ser exigido de todos os
crentes (a não ser no sentido mais geral de que todos os cristãos
"ensinam" a outros de alguma forma genérica - mas certamente não no
sentido de Tiago 3:1 que especifica que não deveria haver muitos mestres
na igreja, pois sabemos que eles serão julgados mais severamente). Essa
é uma característica que nunca é exigida dos diáconos. Em outras
palavras, um diácono pode ensinar, mas isso não é uma parte necessária
do papel dele como diácono.
(...) Há algumas pessoas que discutem que há duas ordens de presbíteros
no Novo Testamento, aqueles cuja tarefa é principalmente a
administração, e aqueles cuja tarefa é principalmente ensinar. Essa
distinção é inteiramente baseada em um versículo, 1 Timóteo 5:17 que diz
"Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os
presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na
palavra e no ensino". Assim alguns discutiram que há duas ordens de
presbíteros: aqueles que dirigem os negócios da igreja, e um outro
grupo, os "com especialidade" que acrescentam a isso o dom de ensinar.
Minhas hesitações quanto a isso são duas.
Número um: este é o único texto no Novo Testamento que poderia ser usado
para apoiar essa visão, e eu reluto em impor à consciência da igreja
algo que aparentemente só é dito uma vez - não porque algo tem que ser
dito muitas vezes para que seja verdade, mas porque algo tem que ser
dito mais de uma vez para eu poder estar seguro de que entendi
corretamente. (...) o fato de que a expressão relevante só aparece uma
única vez me faz relutar em deduzir uma estrutura eclesiástica inteira
apenas desse texto. Número dois: a palavra "especialmente" dita nesse
verso não se refere a uma categoria separada de presbíteros mas acentua o
que todos os presbíteros têm que fazer: "esses que dirigem o trabalho
da igreja, efetivamente esses que ensinam ou pregam a Palavra de Deus" -
algo assim. Veja bem, no Novo Testamento, a autoridade que rege a
igreja não é principalmente uma autoridade de um ofício independente; é
uma autoridade que é ministrada pela Palavra. Não tenho como dar ênfase
demasiada a isso. Nós não obedecemos os pastores / presbíteros / bispos
porque eles são os pastores / presbíteros / bispos, porque eles têm o
cargo e então eles estão "por cima", e nós estamos "por baixo" - porque
eles são os administradores e portanto nós os obedecemos; e aí também há
alguns deles que nos ensinam. Não é essa a ideia.
A ideia é que a autoridade que eles exercem no ministério é precisamente
a autoridade de ministrar a Palavra de Deus. É por isso que, se eles
reivindicam estar ensinando a Palavra de Deus, contudo estão
transparentemente emprestando o apoio deles a ensinamento falso, você
tem todo direito de desafiá-los, porque eles não podem se colocar acima
da Palavra de Deus: eles estão sempre sob a Palavra. Mas se eles
estiverem ensinando a Palavra genuinamente, então é claro que cristãos
devotos perceberão que a verdadeira autoridade está na Palavra, e no
Senhor da Palavra, mesmo se depois de algum tempo tais presbíteros
adquirirem uma enorme quantia de credibilidade e autoridade funcional,
porque eles sempre serão vistos como mestres fiéis da Palavra de Deus.
Assim, a administração da autoridade na igreja não é tão amarrada ao
ofício, ou meramente à manipulação de líderes administrativos, embora em
qualquer organização há grande necessidade de administração e de tipos
de administração. Na verdade, a fonte de autoridade é sempre a Palavra. E
dessa estrutura vêm mestres que explicam e aplicam bem aquela Palavra,
de forma que os crentes digam, "Sim, essa é a mente de Deus".
Jamieson, Fausset e Brown - implicando não só ensino sólido e facilidade em ensinar, mas paciência e diligência no ensino.
João Calvino - Na epístola a Tito, é mencionada
a doutrina expressamente; aqui ele só fala brevemente sobre a
habilidade em comunicar instrução. Não é suficiente ter conhecimento
profundo, se não for acompanhado de talento para ensinar. Há muitos que,
seja porque a expressão vocal deles é defeituosa, ou porque não têm
boas habilidades mentais, ou porque não empregam aquele idioma familiar
que é adaptado às pessoas comuns, mantém dentro das suas próprias mentes
o conhecimento que eles possuem. Tais pessoas, como diz a frase,
deveriam cantar para si mesmos e para as musas. Aqueles que têm o
encargo de governar as pessoas, devem ser qualificados para ensinar. E
aqui ele não exige loquacidade da língua, porque nós vemos muitas
pessoas cuja conversa fluente não é adequada para a edificação; mas ele
recomenda sabedoria em aplicar a palavra de Deus judiciosamente para
benefício das pessoas.
John Gill - que tem uma considerável quantidade
de conhecimento; é capaz de interpretar a Bíblia para edificação de
outros; é capaz de explicar, expor e ilustrar as verdades do Evangelho e
defendê-las e refutar o erro; e que não é somente capaz, mas pronto e
disposto a comunicar a outros o que ele sabe; e que tem também expressão
vocal, o dom da elocução e consegue transmitir suas ideias de forma
simples e com linguagem fácil, em palavras hábeis e aceitáveis; porque
não fará sentido o que um homem sabe, a menos que ele tenha uma
capacidade de comunicar isso a outros, para a compreensão e benefício
deles.
John MacArthur - Esta palavra é usada somente
aqui e em 2 Tm 2:24. É a única qualificação relacionada ao talento e
habilidade espiritual do presbítero, e a única que distingue presbíteros
de diáconos. A pregação e o ensino da Palavra de Deus são os deveres
principais do bispo/pastor/presbítero (1 Tm 4:6,11,13; 5:17; 2 Tm
2:15,24; Tt 2:1).
Matthew Henry - Portanto é um bispo pregador que
Paulo descreve, um que é ao mesmo tempo capaz e disposto a comunicar a
outros o conhecimento que Deus lhe deu, um que é talhado para ensinar e
pronto a aproveitar todas as oportunidades de dar instruções, e que é,
ele mesmo, bem instruido nas coisas do reino do céu, e é comunicativo do
que sabe a outros.
New American Commentary - O apelo a ser "apto a
ensinar" exige competência e habilidade em comunicar a verdade cristã. A
característica requer habilidade intelectual e didática. Alguém que
pode ensinar a outros precisa também ter vontade de aceitar ensino. A
presença desta exigência indica que um bispo precisaria ter habilidade
tanto para explicar a doutrina cristã quanto para refutar ou opor-se ao
erro. Ele utilizaria esta habilidade dando instrução a convertidos,
edificando a igreja, e corrigindo o erro.
William MacDonald - Quando visita pessoas com
problemas espirituais, ele deve ser capaz de citar as Escrituras e
explicar o desejo de Deus em tais questões. Ele deve estar apto para
alimentar o rebanho de Deus (1 Pe 5:2) e usar a Bíblia para refutar os
que apresentam falsas doutrinas (At 20:29-31). Não significa
necessariamente que um bispo deve ter o dom do ensino, mas que em seu
ministério de casa em casa, assim como na assembleia, ele pode
apresentar as doutrinas da fé, compartilhar corretamente a palavra de
verdade e estar pronto e motivado para fazer isso.
Conclusão
Portanto, o presbítero deve ser alguém que conhece consideravelmente a
Palavra e é capaz de manejá-la bem para o ensino e correção da igreja. A
igreja é governada por Jesus Cristo mediante a Sua Palavra. Se os
líderes não sabem manejá-la bem, não serão capazes de dirigir o povo de
Deus da forma que o Supremo Pastor deseja. Como vários apontam (Calvino e
MacArthur, por exemplo) este atributo implica em um talento especial e,
portanto, reduz bastante o número de homens realmente aptos a assumirem
o ofício (Tg 3:1). Como Carson indica, não parece haver espaço para a
figura do presbítero que não é capaz de ensinar, comum em algumas
igrejas. A autoridade de um presbítero reside, em grande parte, na
Palavra que Ele maneja (2 Tm 2:15).
Próximo Artigo: Amigo do Bem
Fonte: Bom Caminho Divulgação: Massoreticos
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