Mark Dever
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Que tipo de liderança uma igreja saudável possui? Uma congregação,
comprometida com Cristo, preparada para servir? Sim. Diáconos que são
modelos de serviço nos assuntos da igreja? Sim. Um pastor que é fiel na
pregação da Palavra de Deus? Sim. Mas biblicamente, há uma outra coisa
que também faz parte da liderança de uma igreja saudável: presbíteros.
Como pastor, eu oro para que Cristo levante na nossa congregação homens
cujos dons espirituais e cuidado pastoral indiquem que Deus os chamou a
serem presbíteros ou bispos (as palavras são usadas indistintamente na
Bíblia; veja por exemplo, em Atos 20). Eu oro para que Deus faça crescer
e capacite tais discípulos para o trabalho de supervisão pastoral da
nossa congregação e para o seu ensino. Se ficar claro que Deus concedeu
dons a certo homem na igreja, e se, depois de muita oração, a igreja
reconhece seus dons, então ele deveria ser escolhido como um presbítero.
Todas as igrejas tiveram indivíduos que executaram as funções de
presbíteros, mesmo que lhes tenham chamado por outros nomes. O dois
nomes usados pelo Novo Testamento para este ofício são episcopos (supervisor, bispo) e presbuteros
(presbítero, ancião). Quando evangélicos ouvem a palavra "presbítero",
muitos imediatamente pensam em "presbiteriano", contudo os primeiros
congregacionalistas, no século XVI, ensinavam que o presbiterato era um
dos ofícios em uma igreja neotestamentária. Presbíteros podiam ser
encontrados nas igrejas batistas nos Estados Unidos ao longo do século
XVIII e no século XIX. De fato, o primeiro presidente da Convenção
Batista do Sul, W. B. Johnson, escreveu um tratado no qual ele pedia que
a prática de ter uma pluralidade de presbíteros fosse reconhecida como
bíblica e seguida em um número maior de igrejas batistas. O argumento de
Johnson foi ignorado. Seja por desatenção para com a Bíblia, ou pela
pressão da vida na fronteira onde as igrejas estavam crescendo a uma
taxa surpreendente, a prática de cultivar tal liderança declinou. Mas a
discussão em documentos batistas quanto a reavivar este ofício bíblico
continuou. Até no início do século vinte, publicações batistas
continuavam se referindo a líderes pelo título de "presbíteros".
Batistas e presbiterianos tem tido duas diferenças básicas nas suas
compreensões quanto aos presbíteros. Primeiro e fundamentalmente,
batistas são congregacionalistas. Quer dizer, eles entendem que o
discernimento final nos assuntos da igreja repousa não com os
presbíteros em uma congregação (ou além dela, como no modelo
presbiteriano), mas com a congregação como um todo. Então, batistas dão
ênfase à natureza consensual de ação da igreja. Portanto, em uma igreja
batista, os presbíteros e todas as outras comissões e comitês agem no
que é, em última instância, uma capacidade aconselhadora para a
congregação inteira.
Uma nota adicional se faz necessária sobre a autoridade da congregação
reunida. Nada diferente da congregação local reunida é o tribunal final
de apelação sob Cristo. Sempre de novo no Novo Testamento, nós achamos
evidência do que parecia ser uma forma primitiva de congregacionalismo.
Em Mateus 18 quando Jesus estava ensinando os Seus discípulos sobre como
confrontar o irmão pecador, o tribunal final não é o grupo de
presbíteros, nem um bispo ou um papa, nem um conselho ou uma convenção. O
tribunal final é a congregação. Em Atos 6, os apóstolos entregaram a
decisão quanto aos diáconos para a congregação.
Nas cartas de Paulo, também encontramos evidência desta suposição da
responsabilidade final da congregação. Em 1 coríntios 5, Paulo não
culpou o pastor, os presbíteros ou os diáconos, mas a congregação como
um todo por tolerar o pecado. Em 2 Coríntios 2, Paulo refere-se ao que a
maioria deles tinha feito disciplinando um membro errante. Em Galatás,
Paulo conclamou as congregações para julgarem o ensino que eles estavam
ouvindo. Em 2 Timóteo 4, Paulo não reprovou somente os falsos mestres,
mas também aqueles que os pagavam para ensinar o que aqueles que tinham
coceira nos ouvidos queriam ouvir. Os presbíteros lideram, mas eles
assim fazem biblicamente e necessariamente dentro dos limites
reconhecidos pela congregação.
A segunda discordância é quanto ao papel e responsabilidades dos
presbíteros. Presbiterianos tenderam a dar ênfase à declaração de Paulo a
Timóteo em 1 Timotéo 5:17, "Devem ser considerados merecedores de
dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade
os que se afadigam na palavra e no ensino." A última frase, alguns
argumentaram, claramente sugere que haviam anciões cujo trabalho
principal não era pregar ou ensinar, mas governar ou reger. Esta é a
origem da distinção entre os “presbíteros regentes” (presbíteros leigos)
e “presbíteros docentes" (pastores) presbiterianos.
Mas "especialmente" (ou “com especialidade”) é uma tradução questionável da palavra malista
que, neste contexto, fica melhor traduzida por "certamente" ou
"particularmente”. Um pouco antes em 1 Timóteo 4:10, lê-se, "porquanto
temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens,
especialmente (malista) dos fiéis." Paulo parece estar indicando
que tantas pessoas serão salvas sem crer quantas dirigirão os negócios
da igreja sem pregar e ensinar: em outras palavras, nenhuma.
Batistas tenderam a dar ênfase ao caráter intercambiável dos termos
"presbítero” (ou “ancião”), "bispo" (ou “supervisor”) e "pastor" no Novo
Testamento, e mostraram que em 1 Timóteo 3:2, Paulo falou a Timóteo
claramente que os anciões devem ser "aptos a ensinar." E ele escreveu a
Tito que o presbítero deve ser "apegado à palavra fiel, que é segundo a
doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino
como para convencer os que o contradizem" (Tito 1:9). Os batistas,
portanto, frequentemente negaram a conveniência de ter presbíteros que
não são capazes de ensinar as Escrituras.
Porém, no que os batistas e os presbiterianos do século dezoito frequentemente concordavam, era que deveria haver uma pluralidade de
presbíteros em cada igreja local. Embora o Novo Testamento nunca sugira
um número específico de presbíteros para uma congregação em particular,
ele refere-se claramente a "presbíteros", no plural, nas igrejas locais
(por exemplo, Atos 14:23; 16:4; 20:17; 21:18; Tito 1:5; Tiago 5:14).
Minha própria experiência confirma para mim a utilidade de seguir a
prática neotestamentária de ter, onde possível, mais presbíteros em uma
igreja local do que simplesmente o solitário pastor, e de tê-los dentre
as pessoas arraigadas na congregação. Esta prática é incomum entre as
igrejas batistas hoje, mas há uma tendência crescente - e por uma boa
razão. Foi necessário nas igrejas do Novo Testamento, e é necessário
agora.
Isto não significa que o pastor não tem nenhum papel distintivo. Há
muitas referências no Novo Testamento à pregação e pregadores que não se
aplicariam a todos os presbíteros numa congregação. Assim, em Corinto,
Paulo se entregou exclusivamente à pregação de uma forma que presbíteros
leigos em uma congregação não poderiam (Atos 18:5; cf. 1 Coríntios
9:14; 1 Timóteo 4:13; 5:17). Pregadores pareciam ir expressamente a uma
algum local para pregar (Romanos 10:14-15), apesar de aparentemente
presbíteros já fazerem parte da comunidade (Tito 1:5). (Para mais
informações sobre esta distinção, veja Uma Exibição da Glória de Deus -
A Display of God’s Glory, [CCR: 2001].)
Entretanto, precisamos lembrar que o pregador, ou pastor, também é
fundamentalmente um dos presbíteros da sua congregação. Isso significa
que decisões que envolvem a igreja, mas que não requerem a atenção de
todos os membros, não deveriam recair sobre o pastor apenas, mas sobre
os presbíteros como um todo. Apesar de isso ser, às vezes, incômodo,
traz os imensos benefícios de arredondar os dons do pastor, compensando
alguns dos seus defeitos, complementando o seu julgamento, e criando
apoio na congregação para as decisões, deixando os líderes menos
expostos a críticas injustas. Também torna a liderança mais arraigada e
permanente, e permite uma continuidade mais amadurecida. Também encoraja
a igreja a assumir mais responsabilidade por sua própria
espiritualidade e torna a igreja menos dependente dos seus empregados.
Muitas igrejas modernas têm uma tendência de confundir os presbíteros
com a diretoria da igreja ou com os diáconos. Os diáconos, também,
preenchem um ofício neotestamentário, fundamentado em Atos 6. Apesar de
qualquer distinção absoluta entre os dois ofícios ser difícil, as
preocupações dos diáconos são os detalhes práticos da vida da igreja:
administração, manutenção, e o cuidado de membros da igreja com
necessidades físicas. Em muitas igrejas hoje, os diáconos assumiram
algum papel espiritual; mas a maior parte foi simplesmente deixada para o
pastor. Seria benéfico para a igreja voltar a distinguir o papel de
presbítero do de diácono.
O presbiterato é o ofício bíblico que eu exerço como pastor: Eu sou o
principal presbítero pregador. Mas todos os presbíteros deveriam
trabalhar juntos para a edificação da igreja, reunindo-se regularmente
para orar e discutir, ou para formular recomendações para os diáconos ou
para a igreja. Claramente, esta é uma ideia bíblica que tem grande
valor prático. Se implementada em nossas igrejas, poderia ajudar
imensamente os pastores removendo peso dos seus ombros e removendo até
mesmo as suas próprias pequenas tiranias das suas igrejas. De fato, a
prática de reconhecer leigos piedosos, perspicazes e fiéis como
presbíteros é outra marca de uma igreja saudável.
Fonte: Bom Caminho Divulgação: Massoreticos
Apesar de reconhecer que a estrutura pode ser mudada ou adequada a atualidade, não vejo isto como principal foco para uma liderança eficiente. Algumas denominações criaram novos títulos eclesiásticos que, na prática, não mudou em nada a sua dinâmica, só servem para enaltecer o ego humano. Não adianta mudar apenas a estrutura, o que tem que ser mudada é a postura no exercício de cada ministério. Só para fazermos uma breve comparação, na igreja primitiva havia um homem chamado Estevão com o título de diácono, um simples diácono que dava um tremendo testemunho diante da comunidade da época, algo que não conseguimos ver hoje na vida de muitos líderes com títulos eclesiásticos superiores, de acordo com a estrutura organizacional de algumas igrejas. A verdadeira liderança bíblica deve ser composta de homens cheios do Espírito Santo, independente de qualquer título que receba, pois o que vai fazer a diferença mesmo não e´o seu título, mas a unção que foi derramada sobre eles para exercerem bem os seus ministérios.
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