Mark Dever
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A sétima marca de uma igreja saudável é a prática regular da disciplina
eclesiástica. Uma prática bíblica de disciplina eclesiástica dá
significado a ser um membro de igreja. Embora tenha sido praticada pelas
igrejas de forma generalizada desde os tempos de Cristo, nas últimas
gerações a prática vem desaparecendo da vida regular da igreja
evangélica.
Nós, humanos, fomos originalmente criados para carregar a imagem de
Deus, para sermos testemunhas do caráter de Deus à Sua criação (Gênesis
1:27). Assim, não é nenhuma surpresa que ao longo do Velho Testamento,
conforme Deus formava um povo para Si, Ele os instruísse em santidade,
para que o caráter deles se aproximasse melhor do Seu (veja Levítico
19:2; Provérbios 24:1, 25). Essa era a base para corrigir e excluir
alguns até mesmo da comunidade, no Antigo Testamento (como em Números
15:30-31). E é também a base para amoldar a igreja do Novo Testamento
(veja 2 Coríntios 6:14-7:1; 13:2; 1 Timóteo 6:3-5; 2 Timóteo 3:1-5).
Entretanto, toda essa ideia parece ser muito negativa para as pessoas de
hoje. Afinal de contas, nosso Senhor Jesus não proibiu o julgamento em
Mateus 7:1? Certamente em certo sentido Jesus proibiu o julgamento em
Mateus 7:1; mas naquele mesmo Evangelho, também muito claramente, Jesus
nos conclama a repreender a outros por causa do pecado e até mesmo, em
última instância, repreendê-los publicamente (Mateus 18:15-17; cf. Lucas
17:3). Portanto, seja o que for que Jesus pretendesse dizer proibindo o
julgamento em Mateus 7:1, certamente Ele não pretendia lançar fora tudo
o que está contido na palavra portuguesa "julgar".
O próprio Deus é um Juiz. Ele o foi no Jardim do Éden, e nós
permanecemos sob o seu justo juízo enquanto nos mantivermos em nossos
pecados. No Antigo Testamento Deus julgou tanto nações como indivíduos e
no Novo Testamento nós cristãos somos advertidos de que nossas obras
serão julgadas (veja 1 Coríntios 3). Em amor Deus disciplina Seus
filhos, e em ira Ele condenará os ímpios (veja Hebreus 12). É claro que,
no último dia, Deus se revelará como Juiz definitivo (veja Apocalipse
20). Em todo esse julgamento, Deus nunca está errado, Ele é sempre justo
(veja Josué 7; Mateus 23; Lucas 2; Atos 5; Romanos 9).
Para muitos, hoje, é surpreendente descobrir que Deus planeja que outros
julguem também. Ao Estado é dada a responsabilidade de julgar (veja
Romanos 13). Somos chamados a julgar a nós mesmos (veja 1 Coríntios
11:28; Hebreus 4; 2 Pedro 1:5). Também somos chamados a julgar uns aos
outros na igreja (embora não do modo definitivo com que Deus julga). As
palavras de Jesus em Mateus 18, de Paulo em 1 Coríntios 5-6, e muitas
outras passagens claramente mostram que a igreja deve exercer julgamento
internamente e que esse julgamento tem propósitos de redenção, não de
vingança (Romanos 12:19). No caso do homem adúltero em Corinto e dos
falsos mestres em Éfeso, Paulo disse que eles deveriam ser excluídos da
igreja e deveriam ser entregues a Satanás de forma que eles pudessem ser
melhor instruídos e suas almas pudessem ser salvas (veja 1 Coríntios 5;
1 Timóteo 1).
Não é nenhuma surpresa que devamos ser ensinados a julgar. Afinal de
contas, se nós não podemos dizer como um cristão não deve viver, como
poderemos dizer como ele ou ela deve viver? Uma das minhas preocupações
em relação aos programas de discipulado de muitas igrejas é que eles
estão como que vertendo água em baldes furados - toda a atenção se volta
ao que é vertido, sem preocupação sobre como é recebido e mantido.
Um escritor do movimento de crescimento de igrejas resumiu recentemente a
sua recomendação para ajudar uma igreja a crescer: "Abra a porta da
frente e feche a porta dos fundos." Com isso ele quer dizer que nós
deveríamos trabalhar para tornar a igreja mais acessível às pessoas e
fazer um melhor trabalho de acompanhamento. As duas metas são boas.
Entretanto, a maioria dos pastores de hoje já desejam ter igrejas com
tais portas da frente abertas e portas dos fundos fechadas. Por outro
lado, tentar seguir um modelo bíblico deveria nos conduzir a seguinte
estratégia: "Feche a porta da frente e abra a porta dos fundos." Em
outras palavras, torne mais difícil unir-se à igreja por um lado, e mais
fácil ser excluído, por outro. Tais ações ajudarão a igreja a recuperar
sua cativante e divinamente planejada distinção do mundo.
Esta disciplina deveria se refletir primeiramente na maneira como nós,
igrejas, aceitamos novos membros. Exigimos que aqueles que estão se
tornando membros sejam conhecidos por nós como pessoas que estão vivendo
vidas que honram a Cristo? Entendemos a seriedade do compromisso que
nós estamos fazendo com eles e que eles estão fazendo conosco? Se nós
formos mais cuidadosos quanto a como nós reconhecemos e recebemos novos
membros, teremos menos chance de ter que praticar a disciplina corretiva
depois.
É claro que qualquer tipo de disciplina eclesiástica pode ser mal feita.
No Novo Testamento, somos ensinados a não julgar outros por motivos que
nós mesmos imputamos a eles (veja Mateus 7:1), ou julgar uns aos outros
em assuntos que não são essenciais (veja romanos 14 e 15). Esse assunto
está repleto de problemas de aplicação pastoral, mas nós precisamos
lembrar que tudo na vida cristã é difícil e sujeito a abusos. Nossas
dificuldades não deveriam servir como desculpas para não haver a
prática. Cada igreja local tem a responsabilidade de julgar a vida e os
ensinamentos de seus líderes, e até mesmo de seus membros;
particularmente na medida em que qualquer um deles possa comprometer o
testemunho da igreja quanto ao Evangelho (veja Atos 17; 1 Coríntios 5; 1
Timóteo 3; Tiago 3:1; 2 Pedro 3; 2 João).
Disciplina eclesiástica bíblica é simplesmente obediência a Deus e uma
simples confissão de que nós precisamos de ajuda. Seguem cinco razões
positivas para tal disciplina corretiva na igreja. Seu propósito é
positivo (1) para o indivíduo que está sendo disciplinado, (2) para
outros cristãos na medida em que veem o perigo do pecado, (3) para a
saúde da igreja como um todo e (4) para o testemunho corporativo da
igreja. E, acima de tudo, (5) nossa santidade deve refletir a santidade
de Deus. Ser membro da igreja deveria significar alguma coisa, não para
nosso orgulho, mas por causa do nome de Deus. Disciplina eclesiástica
bíblica é outra marca de uma igreja saudável.
Fonte: Bom Caminho Divulgação: Massoreticos
A disciplina é vital não só para a comunidade eclesiástica, mas para qualquer outro grupo social, agora quando se trata de disciplina na igreja, deve-se ter muito cuidado com o legalismo religioso, tais como o dos escribas e fariseus, que, de acordo com as escrituras, coavam um mosquito e deixavam passar um camelo. A bíblia é um manual fantástico, já ouvi pessoas denominá-la de “O Manual do Fabricante”, pois nos ensina como viver plenamente. Em relação ao tema abordado, existem inúmeros textos que nos fornecem orientações precisas de como devemos agir e também como não devemos, precisamos tão somente conhecer bem as escrituras, discernindo caso a caso e agindo através do Espírito Santo que habita em nós. A igreja precisa ter o equilíbrio para não tentar alargar ou estreitar a porta dos céus, pois este parâmetro já foi bem definido pelo Senhor.
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