Marca 2 - Teologia Bíblia
Mark Dever
[ Marca 1 ] [ Marca 2 ] [ Marca 3 ] [ Marca 4 ] [ Marca 5 ] [ Marca 6 ] [ Marca 7 ] [ Marca 8 ] [ Marca 9 ]
A pregação expositiva é importante para a saúde de uma igreja.
Entretanto, todo método, por melhor que seja, está sujeito a abuso e,
portanto deve estar aberto a ser testado. Em nossas igrejas, deveríamos
nos preocupar não só em como somos ensinados, mas com o que somos
ensinados. Deveríamos apreciar o caráter são, particularmente em nossa
compreensão do Deus bíblico e dos seus caminhos para conosco.
"Sanidade" é uma palavra antiquada. Nas cartas pastorais de Paulo a
Timóteo e a Tito, "são" significa confiável, preciso ou fiel. Em sua
raiz etimológica é uma figura do mundo médico que significa inteiro ou
saudável. Lemos em 1 Timóteo 1 que a sã doutrina é amoldada pelo
evangelho e que ela se opõe à impiedade e ao pecado. Ainda mais
claramente, em 1 Timóteo 6:3, Paulo contrasta as "falsas doutrinas" com
as "sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e. . . o ensino segundo a
piedade". Assim, na sua segunda carta a Timóteo, Paulo exorta Timóteo a
manter “o padrão das sãs palavras que de mim ouviste” (II Timóteo 1:13).
Paulo adverte Timóteo de que "haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas
próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (II Timóteo
4:3).
Quando Paulo escreveu a outro jovem pastor – Tito - ele tinha
preocupações semelhantes. Quem quer que Tito designasse como um
presbítero, diz Paulo, teria que ser “apegado à palavra fiel, que é
segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto
ensino como para convencer os que o contradizem” (Tito 1:9). Paulo
insta Tito a reprovar falsos mestres “para que sejam sadios na fé” (Tito
1:13). E também ordena a Tito: "Tu, porém, fala o que convém à sã
doutrina" (Tito 2:1).
Se nós fôssemos expor aqui tudo o que constitui sã doutrina, teríamos
que reproduzir a Bíblia inteira. Mas, na prática, toda igreja decide
quais são os assuntos em que precisa haver total acordo, quais admitem
limitada discordância, e em quais pode haver total liberdade.
Na igreja em que ministro, em Washington DC, nós definimos que qualquer
pessoa que deseje ser membro deve acreditar na salvação pela obra de
Jesus Cristo apenas. Também confessamos as mesmas (ou bastante
parecidas) convicções quanto ao batismo do crente e ao governo da
igreja. Uniformidade nestes dois pontos não é essencial à salvação, mas
acordo neles é útil na prática e saudável para a vida da igreja.
Pode-se permitir alguma discordância sobre assuntos que não parecem ser
necessários à salvação, nem à vida prática da igreja. Assim, por
exemplo, apesar de todos nós concordamos que Cristo voltará, não ficamos
surpresos ao perceber que há discordância entre nós quanto ao momento
certo do Seu retorno. Pode-se desfrutar de total liberdade em assuntos
ainda menos centrais ou de pouca clareza, como a validade da resistência
armada, ou a autoria do livro de Hebreus.
Em tudo isso, o princípio deve estar claro: quanto mais próximos
chegarmos ao coração da nossa fé, mais devemos esperar ver nossa unidade
expressa em um entendimento compartilhado dessa fé. A igreja primitiva
colocou este princípio da seguinte forma: no essencial, unidade; no não
essencial, diversidade; e em tudo amor.
O ensino saudável inclui um compromisso claro com doutrinas
freqüentemente negligenciadas, porém claramente bíblicas. Para que
possamos aprender a sã doutrina da Bíblia, nós precisamos encarar
doutrinas que podem ser difíceis, ou até mesmo potencialmente
divisionistas, mas que são fundamentais para compreendermos o trabalho
de Deus entre nós. Por exemplo, a doutrina bíblica da eleição é
freqüentemente evitada por ser considerada muito complexa, ou muito
confusa. Seja como for, é inegável que esta doutrina é bíblica, e que é
importante. Enquanto possa ter implicações que nós não entendemos
plenamente, não é algo pequeno considerar que nossa salvação no final
das contas procede de Deus em vez de nós mesmos. Outras perguntas
importantes cujas respostas bíblicas também vêm sendo negligenciadas:
- Pessoas são basicamente ruins ou boas? Elas precisam tão somente de encorajamento e de um aumento de auto-estima, ou elas precisam de perdão e nova vida?
- O que Jesus Cristo fez morrendo na cruz? Ele tornou possível uma opção, ou Ele foi nosso substituto?
- O que acontece quando alguém se torna um cristão?
- Se nós somos cristãos, podemos estar seguros de que Deus continuará cuidando de nós? Neste caso, o Seu cuidado contínuo baseia-se em nossa fidelidade, ou na dEle?
Todas estas perguntas não são simplesmente questões para teólogos
eruditos ou para jovens estudantes de seminário. Elas são importantes
para todo cristão. Aqueles de nós que são pastores sabem quão
diferentemente nós pastorearíamos nosso povo se nossa resposta a
qualquer uma destas perguntas fosse alterada. Fidelidade às Escrituras
exige que nós falemos sobre estes assuntos com clareza e autoridade.
Nosso entendimento do que a Bíblia ensina a respeito de Deus é crucial. O
Deus Bíblico é Criador e Senhor; e ainda assim Sua soberania às vezes é
negada até mesmo dentro da igreja. Cristãos confessos que resistem à
idéia da soberania de Deus na criação ou na salvação estão, na verdade,
brincando com um paganismo piedoso. Muitos cristãos têm questionamentos
honestos sobre a soberania de Deus, mas uma negação contínua, tenaz, da
soberania de Deus deveria nos deixar preocupados. Batizar uma pessoa
assim, pode significar o batismo de um coração que ainda é de algum modo
incrédulo. Admitir tal pessoa na membresia significa tratá-la como se
ela confiasse em Deus, quando na verdade ela não confia.
Por mais perigosa que tal resistência seja em um cristão qualquer, ela é
ainda mais perigosa no líder de uma congregação. Designar como líder
uma pessoa que duvida da soberania de Deus ou que entende mal o ensino
bíblico sobre esses assuntos é colocar como exemplo uma pessoa que pode
estar muito pouco disposta a confiar em Deus. Tal indicação está fadada a
ser um forte obstáculo para a igreja.
Atualmente a nossa cultura freqüentemente nos encoraja a transformarmos o
evangelismo em propaganda e explica a obra do Espírito em termos de
marketing. O próprio Deus às vezes é moldado à imagem do homem. Em
tempos assim, uma igreja saudável deve ter um cuidado especial em orar
por líderes que tenham uma compreensão bíblica e experimental da
soberania de Deus e um compromisso com a sã doutrina, em sua absoluta
glória bíblica. Uma igreja saudável é marcada pela pregação expositiva e
por uma teologia bíblica.
Fonte: Bom Caminho Divulgação: Massoreticos
Nunca vimos tantos teólogos como hoje no Brasil, esta realidade deveria redundar em igrejas mais solidificadas nas doutrinas bíblicas, mas parece que acontece exatamente o oposto, são tantas novidades, tantos modismos e o pior, com respaldos de pseudos "Teólogos". Talvez isto seja fruto de pessoas que apesar de estudarem a finco acerca das escrituras, ainda não tiveram um encontro regenerador com o Cristo da Palavra. Quanto mais vida tivermos com Jesus, mais convincentes seremos na exposição da Palavra e, consequentemente mais eficazes no discipulado, que é um dos problemas mais críticos da igreja pós-moderna.
ResponderExcluir