1 de julho de 2018

Série: Aprenda a evangelizar com Paulo (2/13)


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Bem-vindos à nova série de postagem “Aprenda a evangelizar com o apóstolo Paulo”. Ela foi adaptada do eBook “Transtornando o Mundo” de John Crotts, disponível para download gratuito.

Na postagem anterior, Crotts compartilhou a primeira estratégia de Paulo para evangelizar religiosos; e nesta postagem explicará em mais detalhes a segunda estratégia: ensinar sobre Cristo a partir das Escrituras.

2. Ensine sobre Cristo a partir das Escrituras
Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio. (Atos 17:2-3)

Jesus também havia sido um frequentador da sinagoga. Lucas registra que “indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler”. (Lucas 4:16)

O costume de Paulo em frequentar a sinagoga e usá-la como oportunidade para o evangelho está bem estabelecido pelos registros históricos. Aqui vão apenas três de muitos exemplos:

Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas; tinham também João como auxiliar. (Atos 13:5)

Mas eles, atravessando de Perge para a Antioquia da Pisídia, indo num sábado à sinagoga, assentaram-se. Depois da leitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação para o povo, dizei-a. Paulo, levantando-se e fazendo com a mão sinal de silêncio, disse… (Atos 13:14-16)

Ao saírem eles, rogaram-lhes que, no sábado seguinte, lhes falassem estas mesmas palavras. Despedida a sinagoga, muitos dos judeus e dos prosélitos piedosos seguiram Paulo e Barnabé, e estes, falando-lhes, os persuadiam a perseverar na graça de Deus. (Atos 13:42-43)

Para Paulo, a sinagoga não era simplesmente um lugar para adorar ou desfrutar um pouco da cultura judaica que lhe era familiar, enquanto viajava pelo Império Romano. Ao contrário disso, Paulo estava em missão. Ele visitava as sinagogas com o único propósito de discutir as Escrituras, a fim de provar que Jesus era o Messias que os judeus antecipavam. Como veremos mais adiante, há algo neste padrão que podemos aplicar.

Baseado no conteúdo das cartas aos tessalonicenses, parece que a estadia de Paulo, embora relativamente breve, foi maior que apenas os três sábados mencionados em Atos 17:2. Ele certamente trabalhou na cidade por tempo suficiente para deixar um padrão que os outros pudessem imitar. “Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus (1 Tessalonicenses 2:9). Eles permaneceram lá tempo suficiente para que os líderes fossem testados e aprovados por Paulo. “Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam” (1 Tessalonicenses 5:12). Em sua carta aos filipenses, ele até mesmo menciona ter estado em Tessalônica tempo o bastante para ter recebido um presente deles (Filipenses 4:16). Paulo pode ter permanecido na cidade entre 4 e 6 meses.

Inicialmente, Paulo aproveitou a oportunidade que a sinagoga oferecia para discutir com eles sobre as Escrituras. A raiz do termo usado para discutir nos oferece a palavra “diálogo”. Provavelmente, essas discussões não eram sermões do Sabbath, mas antes discussões abertas. Não eram discussões apartadas das Escrituras, mas discussões que fluíam da fonte das Escrituras. Essas discussões provavelmente incluíam tomar uma passagem da versão em grego do Antigo Testamento e, então, trocar ideias sobre seu significado, talvez utilizando o método de perguntas e respostas. Os judeus tinham uma pronta aceitação da autoridade das Escrituras, de forma que Paulo provavelmente lia passagens específicas de seus próprios pergaminhos ou livros.

Atualmente, em alguns lugares do Ocidente, como o Brasil ou os Estados Unidos ainda possuem um resíduo suficiente de cultura cristã de eras passadas para que as pessoas conservem um conhecimento geral de Deus, criação, pecado e até mesmo o básico sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus. Pode parecer natural usar uma Bíblia, a fim de apontar as verdades do evangelho, assim como Paulo fez na sinagoga de Tessalônica. Infelizmente, o problema de conversar com (ou “assim chamados”) cristãos nominais é que eles normalmente assumem que um pequeno conhecimento desses temas básicos da Bíblia é tudo que eles precisam para estarem em um bom relacionamento com Deus.

Estas seções residuais de cristianismo na subcultura ocidental, assim como suas contrapartes espalhadas pelo mundo, rapidamente abrem espaço para pressuposições mais pagãs, assim como Paulo encontrou em Atenas. Conquanto Paulo tenha proclamado as verdades bíblicas posteriormente em Atenas, assim como aqui em Tessalônica, naquela cultura não-judaica ele não estava nem de longe tão preocupado em documentar suas ideias como vindas diretamente das Escrituras.

Frequentemente, é apropriado oferecer o evangelho resumindo a Bíblia, ao invés de citar capítulo e versículo; Paulo, contudo, nunca apela ao uso da razão humana à parte da Escritura – e nem nós deveríamos fazê-lo.

Paulo explicou e provou a necessidade da morte e ressurreição de Jesus. Explicar é “abrir o significado de alguma coisa”. Jesus, o modelo e mestre de Paulo, havia feito o mesmo quando abriu o significado das Escrituras para dois discípulos no caminho de Emaús. Estes discípulos ficaram maravilhados com o que experimentaram. “Então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles. E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” (Lucas 24:31-32).

O objetivo de Paulo era mostrar a esses judeus que Jesus era o Cristo que havia sido profetizado nas Escrituras deles (o que nós chamamos de Antigo Testamento). O professor de seminário Sidney Greidanus, certa vez, dirigiu por um exuberante vale verdejante na África do Sul, enquanto ia para um lago pitoresco. Ele ficou completamente atônito ao retornar meia hora depois e ver que o mesmo vale estava coberto de flores brancas. Ele ficou imaginando se aquele poderia ser o mesmo lugar até que virou sua cabeça. Quando ele olhou para trás, o caminho estava todo verde com apenas alguns poucos pontos brancos. As flores se viravam para ficar de frente para o sol. Ao dirigir para o leste apenas umas poucas flores se revelavam, mas quando o carro voltava o caminho pelo mesmo vale, todas as lindas flores podiam ser vistas.5 Seu ponto de vista bíblico também pode determinar a claridade de seu entendimento de Cristo. Muitas das profecias obscuras a respeito do Messias, no Antigo Testamento, tornaram-se vívidas apenas após seu cumprimento na primeira vinda de Cristo.

Paulo buscou tornar seu significado muito direto e claro, assim como Jesus o fez. Para provar seu ponto, Paulo colocou aquilo que eles já sabiam ao lado daquilo que ele estava tentando lhes mostrar. Os fatos do evangelho estão claramente enraizados no Antigo Testamento. Paulo certamente enfatizou as profecias que demonstravam como o Cristo deveria morrer e ressuscitar.

Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. (1 Coríntios 15:3-5)

A ressurreição do Messias autenticou sua vida perfeita e sua morte sacrificial. Deus colocou seu selo de aprovação sobre Jesus ao trazê-lo de volta à vida. Naquelas semanas de discussão, Paulo poderia ter usado diversas passagens que indicassem que o Messias prometido tinha de morrer e ressuscitar. Talvez, dentre elas, houvesse profecias escritas centenas de anos antes da vinda de Jesus, tais como estas:

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores. (Isaías 53:5-6, 11-12a)

O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás. (Deuteronômio 18:15)

Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. (Salmos 16:10)

Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. (Salmo 2:7-8)

Após Paulo ter estabelecido a evidência do Antigo Testamento para a missão do Messias, ele buscou demonstrar que os relatos históricos da vida, morte e ressurreição de Jesus correspondiam a tudo aquilo que o Antigo Testamento havia antecipado. Ele buscou provar a eles que o Jesus histórico deveria ser identificado com o Cristo das Escrituras.6

Você pode imaginar o choque que aqueles judeus experimentaram, conforme Paulo reivindicava que o Messias tinha de sofrer e morrer? O próprio Jesus havia profetizado, por muitas vezes, sobre sua morte e ressurreição, assim como os profetas do Antigo Testamento que os judeus haviam estudado tão cuidadosamente. Falando de si próprio, ele disse: “É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia, ressuscite” (Lucas 9:22). A morte e ressurreição de Cristo foram reveladas nas passagens do Antigo Testamento e nas palavras do próprio Cristo. Era certo que as profecias se cumpririam. Com aqueles que aceitam e já conhecem a Bíblia e são chamados pelo Espírito, tal processo apologético faz sentido.

Depois dessas semanas na sinagoga, uma terceira parte da estratégia de Paulo emerge a qual veremos na próxima semana.

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